terça-feira, agosto 29, 2006

Temperaturas 1870-2005

A Fig. 58 representa a evolução da designada “temperatura média global” entre os anos 1870 e 2005. Foi traçada com valores da base de dados reconstruída do Hadley Centre que pertence ao United Kingdom Meteorological Office.

Normalmente, o Instituto de Meteorologia do Reino Unido calcula as anomalias – desvios – em relação à média dos valores de 1961-1990. A conclusão é que a “temperatura média global” variou nestes 135 anos. Não admira! É assim que funciona a Natureza.

Provavelmente, houve um ligeiro declínio entre 1870 e 1910-1915. Seguiu-se um crescimento até cerca de 1945. Entre 1945 e 1975 a “temperatura média global” estabilizou. Foram três décadas de óptimo climático.

A partir de 1975-1976 a “temperatura média global” subiu até ao dobrar do milénio. Em 1998 atingiu-se o máximo deste extenso período em análise. Contrariamente ao que os big media divulgaram, o ano de 2005 não foi o mais “quente”. Foi o terceiro.

É interessante registar que a “temperatura média global” praticamente estabilizou desde que atingiu aquele máximo de 1998. O ano 2006 está a seguir a estabilização verificada desde 1998.

As datas limites de certos períodos não coincidem nas análises que se encontram na literatura. Falta normalizar o tratamento dos dados de várias entidades internacionais. Por exemplo, o Óptimo Climático Contemporâneo aparece referido entre 1930-1960.

Colocar ênfase na “temperatura média global” nos debates sobre as variações do clima reflecte a dificuldade de se definir um índice composto que represente o sistema climático. A temperatura é a variável meteorológica mais vulgarizada.

Os instrumentos instalados nos satélites capturam elementos meteorológicos ainda há muito pouco tempo. Estão a fornecer informação importante que demorará a dar indicações úteis sobre o comportamento do sistema climático.

Em particular, alguns sensores medem o balanço radiativo no topo da atmosfera. Outros medem a temperatura, a humidade e muitas outras variáveis. Vão ser necessárias várias décadas para se obter uma avaliação segura das tendências a longo prazo.

Até lá continuarão as especulações, nomeadamente, acerca da subida da “temperatura média global” de 1975-1976 até aos nossos dias. Qual foi a causa desta evolução da temperatura? Alteração da radiação solar? Efeito de estufa antropogénico?

O vapor de água é predominante no efeito de estufa natural
(99,999 %). A influência do dióxido de carbono, mesmo natural, é minúscula. Consulte-se Monte Hieb e Harrison Hieb.

A participação do dióxido de carbono antropogénico, segundo Hieb & Hieb é tão-somente de 0,117 %. Somando os outros gases antropogénicos com efeito de estufa chega-se ao ainda microscópico valor de 0,28 %!

O vapor de água é realmente muito mais abundante para reter o calor do que o dióxido de carbono. O vapor de água deverá ser o único componente atmosférico com potencialidade para aquecer e arrefecer a Terra.

A análise do efeito radiativo, natural e antropogénico, não permite provar a causa das flutuações da temperatura desde 1870. Para ir ao fundo da questão tem de ser analisado o comportamento da pressão atmosférica.

Fig. 58 -"Temperatura média global". Fonte: Hadley Centre.Posted by Picasa

domingo, agosto 27, 2006

Temperatura média global

O que foi descrito sobre medições de temperaturas serve para verificar como elas arrastam dúvidas. A avaliação climática não deve repousar exclusivamente na evolução das temperaturas. Servem essencialmente como valores estatísticos.

A temperatura da superfície terrestre tem sido utilizada como variável descritora das mudanças do clima. Essa utilização imprópria, por ser demasiado limitativa, deve-se ao uso histórico e à difusão espacial dos termómetros.

A relação entre estes instrumentos de medida e a agricultura, por um lado, e as previsões meteorológicas primitivas, por outro, consagraram o termómetro como medidor das evoluções do clima.

Às medições dos navios sobrevieram as das bóias meteorológicas lançadas um pouco por todos os oceanos e mares. Adicionaram-se balões meteorológicos com medições de mais variáveis. Porém, a temperatura manteve-se como variável aparentemente significativa.

Nas duas últimas décadas do século passado apareceram os satélites meteorológicos sempre com o objectivo principal de medir temperaturas. Os radiómetros instalados nos satélites cobriram todo o planeta, com medições sobre os mares e sobre os solos.

Este novo tipo de medições constituiu o último avanço tecnológico em relação aos termómetros de álcool, de mercúrio e eléctricos. Melhorou-se a qualidade da metrologia (não confundir com meteorologia) na medição das temperaturas.

Mas perdura a dúvida: - O que é a temperatura da superfície do nosso planeta? No fundo, a ‘temperatura da superfície terrestre’ é uma mistura de temperaturas dos solos, dos oceanos e do ar adjacente àquelas duas entidades. É uma definição ambígua.

A Fig. 57 resume os tipos de medição das diversas temperaturas que concorrem para a definição da “temperatura da superfície terrestre”. Os dados das temperaturas são, normalmente, uma média entre o máximo diurno e o mínimo nocturno.

A base de dados alimenta-se das observações dos navios, das estações terrestres, dos balões, das bóias e dos satélites que medem temperaturas de natureza diversa. Valores de qualidades metrológicas desiguais.

Um dos criadores da figura (John Christy) pertence ao painel da NAS (National Academy of Sciences, dos EUA) que elaborou o relatório sobre o hockey stick. Os dois autores, climatologistas, são prof. da Universidade de Alabama, Huntsville.

Roy Spencer é o responsável da equipa de cientistas que monitoriza [Advanced Microwave Scanning Radiometer (AMSR-E)] as observações do satélite AQUA da NASA.

John e Roy são muito críticos em relação ao «global warming» baseado em evoluções de temperaturas muito duvidosas. Não se cansam de chamar a atenção para as discrepâncias existentes entre as evoluções registadas por cada um dos instrumentos representados na Fig. 57.

Em qualquer dos casos fica a ideia de valores não rigorosamente definidos e que requerem constantemente análises muito cuidadosas. Nem sempre se conhecem os pressupostos da determinação das temperaturas médias globais.

Um valor médio global não tem significado físico, científico ou climático. Tem apenas significado estatístico. Imaginemos que somávamos temperaturas de Portugal e da Finlândia e dividíamos por dois. Que significa físico tinha o valor obtido? Nenhum.

O valor desta média não proporcionaria indicação sobre os climas de Portugal ou da Finlândia. O Instituto de Meteorologia de Portugal tem a presunção de calcular a temperatura média de Portugal através de um complicado exercício de matemática.

O valor calculado não dá qualquer indicação útil sobre os climas de Trás-os-Montes, do Alentejo ou do Algarve. É apenas um número sem qualquer significado físico. Serve para “chercher à épater le bourgeois”.
Fig. 57 - Medição das temperaturas terrestres. Fonte: John Christy et Roy Spencer.Posted by Picasa

sexta-feira, agosto 25, 2006

Temperatura superficial dos oceanos

Um factor que introduziu incertezas na avaliação da evolução climática foi o da qualidade dos instrumentos de medida. A precisão dos modernos aparelhos comparada com a dos anteriores levanta dúvidas em estudos comparativos.

O registo rotineiro de antanho, com dois valores diários, confronta-se com os milhões de registos obtidos automaticamente nos dias de hoje. Os instrumentos automatizados foram introduzidos só nas últimas décadas do século XX.

A vantagem dos instrumentos modernos originou a multiplicação a nível mundial. Relativamente aos instrumentos substituídos, aumentaram os graus de precisão e as respostas às variações instantâneas das variáveis meteorológicas. Facilitou-se a troca de informação.

A característica física da expansão do mercúrio dos termómetros foi substituída pela condutância eléctrica. Esta responde melhor e mais rapidamente às variações de temperatura e apresenta maior sensibilidade.

Já as observações da temperatura superficial dos oceanos não acompanharam a mesma evolução tecnológica. E era importante que tivesse acompanhado, já que a área dos oceanos é bem superior à da superfície terrestre.

Não são apenas as medições das temperaturas da superfície terrestre que indicam a evolução climática. A qualidade das observações meteorológicas globais é afectada pelas medições das temperaturas da superfície dos oceanos.

As observações feitas nos navios nunca tiveram a mesma qualidade das realizadas em terra. Os navios da marinha mercante foram a fonte preliminar daquelas observações. Os agentes não tinham habilitações. Os métodos usados não eram os melhores.

A recolha da água do mar não era feita em boas condições. O tempo que mediava entre a recolha e a leitura da temperatura introduzia erros consideráveis. Bastava a água ser influenciada pela temperatura do ar para tal acontecer.

Houve pouco avanço tecnológico desde os finais do século XIX. Passou-se a medir a temperatura da água de refrigeração dos motores dos navios. Esta água recolhida mais rapidamente é menos sensível à interferência do ar entre a recolha e a medição.

Mesmo assim, este método é qualitativamente inferior ao dos meios terrestres de observação. E, no entanto, seria importante determinar com precisão as trocas de energia entre os oceanos e a atmosfera.

Mesmo com aumento da precisão ficaria a incerteza da variação da temperatura da água do mar com a profundidade em relação à superfície. Os oceanos são um local privilegiado de armazenamento de energia que importa considerar.

Com a entrada em acção dos satélites poderia melhorar consideravelmente esta deficiente medição das temperaturas da superfície dos oceanos. Mas eles medem realmente as temperaturas da superfície dos oceanos?

quarta-feira, agosto 23, 2006

Aniversário da Katrina

Faz hoje um ano que nasceu o furacão baptizado com o nome de Katrina. Nasceu a 23 de Agosto de 2005 e dissipou-se no dia 31 de Agosto de 2005.

Para felicidade das populações ribeirinhas do Golfo do México, até agora, na estação de furacões de 2006 daquela área, ainda só nasceram 3 tempestades tropicais a comparar com as 9 do ano de 2005, em igual período.

Mas, como a estação, que começa em Maio, só acaba em Novembro, ainda tudo pode acontecer. Os meses de maior e mais intensa actividade, de Setembro e Outubro, são os que estão para vir.

Em Maio, no início da época dos ciclones tropicais do Atlântico Norte, das Caraíbas e do Golfo do México, o administrador da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration, dos EUA), Vice-Almirante Conrad C. Lautenbacher, anunciou:

- «A estação de ciclones vai ter 13 a 16 tempestades tropicais, 8 a 10 das quais com características de furacão. Destes, 4 a 6 serão de grande intensidade».

Em 8 de Agosto a NOAA corrigiu:

- «Afinal vão ser apenas 12 a 15 tempestades tropicais, com 7 a 9 furacões. Destes, só 3 ou 4 atingirão grande intensidade».

Isto é, o limite superior de agora é igual ao inferior de então: 4 furacões de grande intensidade.

Este organismo dos EUA tem estações fixas (até nos Açores), tem navios, tem submarinos, tem aviões e tem satélites. Não lhe faltam equipas altamente qualificadas. Faz excelentes observações. Mas as previsões falham. E os diagnósticos também.

A NOAA desconhece o mecanismo dos ciclones tropicais. É dificil confiar nos seus modelos. O ano passado, a temperatura da água do mar, uma das 5 condições draconianas para gerar ciclones tropicais, apresentou-se acima da média.

E este ano como está a temperatura da água do mar? A Fig. 56 documenta uma descida em relação ao ano passado! Qual é a explicação? Houve arrefecimento global? A temperatura está apenas próxima da média na zona dos furacões!

A figura mostra ainda valores acima da média na parte superior do Atlântico Norte. Os media já falaram em «global warming» numa notícia relativa a uma espécie piscícola que apareceu no Golfo da Biscaia, fora dos seus domínios.

O preconceito do «global warming» pretende explicar tudo… Porém, no Golfo da Biscaia também se faz sentir o aumento da pressão atmosférica. Tal como nos Açores e em toda a Península Ibérica.

O defeito da previsão NOAA não é a única surpresa recente. Num artigo aceite para publicação no Geophysical Research Letters afirma-se que a temperatura superficial da água do mar arrefeceu, de 2003 a 2005, de modo impressionante.

Esse arrefecimento teria anulado, em apenas dois anos, 20 % do aquecimento que se teria verificado nos últimos 48 anos! A rapidez desta descida está para além de tudo quanto os modelos possam imaginar.
Fig. 56 - Anomalias da temperatura superficial do mar. Fonte:NASA. Posted by Picasa

segunda-feira, agosto 21, 2006

Atlas do clima

Os navios e as estações terrestres recolheram os primeiros elementos meteorológicos. A base de dados e a análise das observações realizadas pelos navios e estações terrestres criaram um património mundial.

Vladimir Koppen, director do Observatório Naval de Hamburgo, gastou mais de um quarto de século a recolher e analisar aquele património. Publicou o primeiro Atlas do clima na passagem do século XIX para o XX.

Esse Atlas identificava sobretudo as temperaturas e as precipitações que caracterizavam certas regiões planetárias. Koppen preocupou-se também com os tipos de vegetação de cada região.

É interessante entender os instrumentos que permitiram este trabalho meticuloso. A informação das características particulares dos aparelhos é importante quando se comparam resultados obtidos com instrumentos de diferentes sensibilidades.

Os avanços tecnológicos permitiram a melhoria da qualidade dos registos. Quanto aos termómetros, os de álcool encerrado em colunas de vidro fino foram os eleitos de início. O álcool respondia rapidamente às variações de temperatura.

Os termómetros de mercúrio vulgarizaram-se pela vantagem de utilização numa gama alargada de temperaturas. Eram úteis desde as frias regiões polares até às quentes dos desertos.

O mercúrio, como é mais denso, tem uma resposta térmica mais lenta do que o álcool às variações instantâneas de temperatura. Talvez por esse motivo, não foi o mais adoptado nos termómetros exteriores, até finais do século XIX.

Os instrumentos meteorológicos elementares e os seus resguardos (caixas ou armários) permaneceram inalterados durante quase todo o século XX. Eram comuns os abrigos de madeira branca com as laterais perfuradas para permitir a passagem do ar.

O que não parece óbvio foram as lentas ou quase nulas mudanças de sítio dos pequenos observatórios. Tanto mais que as cidades foram-se expandindo à sua volta alterando o ambiente envolvente e, consequentemente, alterando as condições meteorológicas.

Teve consequência peculiar a plantação de árvores à volta das estações meteorológicas. As árvores extraem a humidade do solo profundo para manter a evapotranspiração e arrefecem o ambiente envolvente durante o tempo quente.

Além disso, o betão dos edifícios e o asfalto dos pavimentos circundantes impedem a evaporação dos solos e absorvem a radiação solar. Deste modo, os registos das estações são falseados. Apresentam valores mais altos da temperatura.

Estes erros, relativamente aos valores que seriam normais se não existissem as construções urbanas, influenciam a considerada, falaciosamente, temperatura média global. Existe uma enorme discussão à volta deste fenómeno denominado por “ilhas de calor urbano”.

Comparar temperaturas registadas antes e depois destas modificações à volta das estações meteorológicas levanta problemas. A maior parte é resolvida através de hipóteses ambíguas.

É o que acontece com a reconstrução da temperatura média global que a Organização Meteorológica Mundial anuncia e o IPCC adopta. Não se trata de uma média aritmética pura. A impureza do resultado fica no segredo dos deuses.

sábado, agosto 19, 2006

Sistematização das observações

No início do século XIX existiam poucos pontos de observação. No entanto, os cientistas já trocavam recolhas de dados meteorológicos. Procuravam comparar observações com a mesma data de locais distintos.

Cedo se aperceberam que, de um modo rudimentar, podiam sistematizar as tendências do estado do tempo. Os governos interessaram-se pela observação sistemática. A análise dos dados coleccionados permitia-lhes tomar precauções em relação às tempestades.

Foi assim que aumentou significativamente o número de postos de observação meteorológica. Os registos passaram a ser regulares e comparáveis. Ano após ano, registava-se, discutia-se e compreendia-se melhor o mecanismo do tempo.

Em meados do século XIX desenvolveu-se a percepção da vantagem de se monitorizar sistematicamente o tempo e o clima locais. Encontram-se nalgumas praças centrais de cidades europeias grandes termómetros associados a barómetros e higrómetros.

Os instrumentos de medida, de uso colectivo, estão colocados numa coluna de pedra ou pendurados numa parede central. Serviam para os agricultores planearem as suas culturas ou precaverem-se do mau tempo.

Realizavam-se estudos para identificar o clima óptimo dedicado a determinadas culturas, agrícolas e hortícolas. Analisavam-se as variações introduzidas pelas estações do ano. Desenvolveu-se a estatística matemática para apoio da meteorologia e da agricultura.

Os navegadores eram ameaçados constantemente pelas tempestades. Quando atravessavam os oceanos, perceberam que havia necessidade de conhecer melhor as mudanças do estado do tempo.

Repararam em variações bruscas da pressão atmosférica e da direcção do vento. Eram motivos de aviso para o perigo que se avizinhava. Ficavam de sobreaviso para a necessidade de correcção da navegação.

Foi um oficial da Marinha de Guerra dos EUA (instituída no século XVIII), Matthew Maury, quem primeiro alertou para a necessidade de os navios serem apetrechados com instrumentos de observação meteorológica.

Mas foi somente em meados do século XIX que Maury chamou a atenção para a relevância dos registos meteorológicos e das estatísticas. E também da troca de informações entre navegadores.

Matthew foi o organizador essencial do primeiro Congresso Internacional de Meteorologia. O Congresso realizou-se em Bruxelas, em 1853. O objectivo primário da reunião foi a definição de padrões para as bases de dados.

O ano de 1853 anota a juventude da meteorologia. A sistematização cobre pouco mais de século e meio. A teoria também é relativamente jovem. Não são de estranhar os equívocos que actualmente se manifestam numa ciência extremamente complexa.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Primórdios da meteorologia e climatologia

Reconhece-se facilmente as quatro estações do ano e detecta-se que existe uma certa variabilidade do tempo ano após ano. O pessimismo leva a dizer que já não se reconhecem as estações.

A variabilidade anual é uma característica que marca a vida das sociedades humanas. A variabilidade interanual obrigou os antepassados a precaverem-se nos tempos bons para sobreviverem aos maus que adivinhavam estar para acontecer.

Os milenares caudais dos rios, como o Nilo, e da irrigação na China fornecem importantes elementos de observação dos climas do passado. Começando há aproximadamente mil anos, existem dados fenomenológicos da vida europeia.

Esses dados fornecem informação sobre os climas locais e regionais e as suas variabilidades. Curiosamente, os dados estão relacionados com actividades da agricultura, da floricultura e, até, com o avistar das primeiras aves migratórias.

Os registos dizem-nos muitas coisas através da relação entre os regimes climáticos e as infra-estruturas que foram sendo desenvolvidas. Defesas contra cheias, armazenamentos de produtos alimentares, etc.

A comparação quantitativa entre climas locais e regionais só começou a ser possível depois da invenção dos instrumentos de medida, como o termómetro e o barómetro, no século XVII.

Mas ainda houve que esperar mais um século para se aprovarem as escalas de medida e a padronização dos instrumentos a partir dos quais os outros eram aferidos. Assim, só realmente no século XVIII é que se começaram a realizar comparações dos climas.

Os resultados das comparações permitiram sistematizar os climas particulares de localidades, de zonas e de regiões. Essas comparações trouxeram algumas surpresas como a dos ciclos anuais e as variabilidades interanuais.

Desde muito cedo se começou ‘subjectivamente’ a considerar que o “tempo já não é o que era”. De facto, a variabilidade dos climas apresentava valores objectivos que apoiavam aquela sensibilidade.

No início do século XIX registavam-se observações sistemáticas com instrumentos práticos para medição de elementos meteorológicos primários. Instalaram-se postos de observação na Europa e nas Américas.

As observações meteorológicas incluíam a temperatura, a pressão e a precipitação. Juntaram-se a um mais vasto conjunto de observações geofísicas e astronómicas. As observações contribuíram para um melhor conhecimento do mundo natural.

Não pode deixar de se assinalar que, muito antes, já os incas, nas suas cidades de pirâmides, realizavam, de modo primitivo, observações utilizadas para o planeamento das suas culturas, especialmente, de milho.

Os “climatologistas” maias pertenciam ao estrato social superior. Tinham a noção das estações e dos ciclos climáticos. Estes antepassados já sabiam que o clima está sempre a mudar. Umas vezes lentamente, outras rapidamente.

terça-feira, agosto 15, 2006

Variabilidade do(s) clima(s)

A nossa compreensão de clima desenvolve-se pela experiência. Baseia-se na interpretação de registos coligidos pelos nossos contemporâneos. O conhecimento da história do clima é obtido por vários tipos de registo dos nossos antepassados.

Quem viveu durante períodos quentes ou quem vive nas regiões temperadas e nos trópicos teme o aparecimento da neve que nunca viu. Esse temor pode ser agravado se viu filmes ou documentários na televisão que apresentem a neve como uma adversidade.

É também uma trivialidade dizer que a percepção do clima normal de uma localidade é baseada no estado do tempo verificado ao longo dos anos mais recentes. Esta percepção persiste apesar de desgraças irregulares.

Os extremos climáticos tais como tempestades de neve, secas e cheias são excepções que dificilmente apagam o registo da nossa memória dos tempos mais recentes. Neste Verão abrasador alguns já não se lembram da quede de neve do dia 29 de Janeiro passado recente.

E, no entanto, foi essa queda de neve que ajudou ao aparecimento da onda de calor deste Verão. Poucos também têm esse entendimento. O aumento da pressão atmosférica devido aos anticiclones aqueceu o ar na canícula recente.

As marcas registadas nas localidades ribeirinhas servem para recordar os níveis das cheias de tempos passados. É o que acontece nas cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia. Estas marcas são memórias de acontecimentos dramáticos.

Olhar para as marcas faz recordar situações de dramas humanos provocados pelas inundações. Recordam destruições físicas e até óbitos verificados em passados recentes ou longínquos. Deve-se precaver para evitar tragédias futuras.

Uma das características do género humano é o instinto de sobrevivência. Consegue adaptar-se e prosperar dentro de uma larga gama de climas. Dos mais frios aos mais quentes.

Historicamente, as sociedades humanas demonstraram uma capacidade enorme de resistência a variações climáticas persistentes. Nessas alturas a capacidade de adaptação prevaleceu ao pessimismo.

Isto não quer dizer que secas prolongadas ou períodos extensos de calor ou de frio não tenham tido impactos importantes na história da humanidade. Mas, de uma maneira geral, as sociedades humanas resistem, sobrevivem e recuperam.

A recuperação acontece quando regressam as circunstâncias climáticas típicas de longo prazo a que se está acostumado. Nem sempre foi assim. Houve civilizações que desapareceram com variações climáticas extremamente duras.

De facto, houve épocas em que civilizações avançadas (incas, por exemplo) desvaneceram por mudanças climáticas bruscas de vastas dimensões. Mas, historicamente, está demonstrada a elevada capacidade de resistência humana.

Grandes dificuldades surgem quando as variações climáticas impõem limitações na produção de alimentos e no comércio de produtos necessários à sobrevivência humana. Nenhuma destas condições ocorreu com o shift climático de 1976.

Estas considerações são suportadas por um dos maiores climatologistas da actualidade, o australiano William Kininmonth, autor do livro «Climate Change: A Natural Hazard» que se pode traduzir por «Alterações climáticas: fenómeno da Natureza».

segunda-feira, agosto 14, 2006

Ar fresco do Árctico

A canícula acabou repentinamente. Bastaram uns tantos anticiclones móveis polares (AMP) mais potentes para romper as aglutinações anticiclónicas (AA). Esta descontinuidade atmosférica não é considerada nos actuais modelos climáticos.

Em Portugal também já se sente o ar fresco vindo da região polar boreal. Houve-se falar em nuvens – que, hipoteticamente, teriam arrefecido o tempo quente – mas essa explicação é tão embaraçosa como a do ar quente de leste ou da alta troposfera.

A imagem do satélite NOAA (não se reproduz para evitar uma sobrecarga de figuras) do dia 13 de Agosto de 2006 já mostrava a Europa central e a Península Ibérica despejada de aglutinações anticiclónicas.

As AA não são formadas por massas de ar inertes. São constantemente atravessadas por anticiclones móveis polares aos quais devem a sua natureza. O fenómeno da integração dos novos AMP na massa das AA dos AMP precedentes é função das densidades respectivas.

Os anticiclones móveis polares mais potentes e/ou os mais rápidos conservam durante mais tempo as suas características particulares. Estas mantêm-se até os AMP se integrarem nas aglutinações anticiclónicas que reforçam consideravelmente.

No fim da canícula, o restabelecimento da potência dos AMP, mais fraca no mês de Agosto, mostra que o curto “verão” Árctico acaba brutalmente! O Árctico tem um adormecimento bem curto… Acorda violentamente!

sábado, agosto 12, 2006

Fim da canícula

As explicações do nosso Instituto de Meteorologia (respeitamos muito a profissão complexa dos meteorologistas) sobre a canícula contêm profundos e insondáveis mistérios. Ventos quentes de leste? Massas de ar quente da alta troposfera?

Seria interessante estudar as condições da onda de calor ao nível de 500 mbar (milibares ou cem pascais). Mas seria igualmente necessário explicar como o ar quente de níveis elevados pode atingir o solo e, ao mesmo tempo, consegue elevar a pressão atmosférica!

Sem pretender ofender, estaríamos perante um milagre da física. Tanto mais que existe uma inversão da situação do ar anticiclónico à volta dos 1000 metros!

O milagre, a existir, necessitaria de uma explicação, se fosse possível, tanto para o calor como para o frio que coincidiram, por exemplo, em 2003, na França e na Escandinávia (ou em Moscovo). É inusual o frio nesta época na Escandinávia e em Moscovo!

Uf!, pode-se anunciar o fim da canícula em França e na Alemanha. Em Portugal ainda se faz sentir a aglutinação anticiclónica atlântica. Talvez ainda por pouco mais tempo.

O Verão deve ter acabado no ocidente-centro da Europa. Começou um Outono temperado. Resta saber se persistente. A chave do problema é sempre o aumento das pressões atmosféricas nas baixas camadas.

A região polar boreal (Pólo Norte e Gronelândia) enviou anticiclones móveis polares que rasgaram a aglutinação no centro da Europa. Só os anticiclones móveis polares são capazes de explicar os aumentos das pressões, no espaço e no tempo.

Também só eles explicam as ondas de calor e as tempestades de neve. Estas avizinham-se para o próximo Inverno. São elas que antecedem o calor do Verão. Não é o contrário que, a acontecer, seria outro profundo e insondável milagre da física…

terça-feira, agosto 08, 2006

História do clima

Este título seria adequado ao nome de um espesso livro. Por exemplo, existe o livro de Antón Uriarte Cantolla «Historia del Clima de la Tierra» que já foi citado várias vezes no Mitos Climáticos.

Vem isto a propósito de salientarmos mais uma vez que o clima da Terra não tem feito outra coisa do que variar desde o nascimento do planeta há 4 mil e 500 milhões de anos. Só que os seus habitantes gostariam que tal não acontecesse, desde que fosse sempre ameno.

Talvez a ajuda de um leitor especialista em psicologia nos fosse útil para invocar a lei da reprodução das formas. Estamos habituados a que a noite se siga ao dia e que a Primavera venha a seguir ao Inverno.

Todos dizemos que no nosso tempo de juventude é que era bom. Agora está tudo modificado. Já não se percebe a quantas andamos. Se no meio disto aparecem os Nostradamus do clima, estrangeiros e nacionais, então ainda ficamos mais baralhados.

Para não irmos mais longe, só nos recentes séculos IX e XX, de acordo com a base de dados (adoptada pelo IPCC) de Jones, P. D. et al., de 1999, os desvios (ou anomalias) das temperaturas (ditas) médias globais foram, grosso modo, os seguintes:

- De 1860 a 1910: 0,0 ºC;

- De 1910 a 1940: + 0,37 ºC;

- De 1940 a 1980: - 0,14 ºC (abrange o Óptimo Climático Contemporâneo);

- De 1980 a 2000: + 0,32 ºC.

Um habitante da Terra que tenha nascido em 1860 e tenha vivido até 1940, perto da data da sua morte, diria: «Isto anda tudo mudado. Já não se conseguem distinguir as estações do ano. No século passado é que era bom!»

Tanto mais que a temperatura média global entre 1860-1910 se situou aproximadamente 0,25 ºC abaixo da média dos anos 1961-1990. De facto, ele conheceu meio século de clima quase uniforme e ameno.

Isso foi um “milagre” da Natureza. Recentemente sucedeu o mesmo entre 1930 e 1960. Foram três décadas de clima suave e uniforme com um desvio nulo mesmo em relação à média de 1961-1990. Foi mesmo o melhor que poderia ter acontecido.

Não é fácil encontrar publicada uma narração diacrónica, um relato linear da história do clima do planeta. Admite-se, por hipótese, que existam leitores muito diversos. Uns muito preocupados com o tempo actual comparado com outros tempos que conheceram.

Outros mais preocupados com o estado do ambiente cheio de fumos industriais, não só em Portugal, mas em todo o Mundo. Alguns estão convencidos que isso é a causa da variação climática recente. Mas não é verdade…

Para resolver a questão da poluição atmosférica peçam aos ambientalistas que apliquem os seus conhecimentos. Mas para resolver os problemas climáticos os ambientalistas não têm competência.

O facto de o Instituto do Ambiente estar a ocupar-se do dossier climático é um absurdo. É equivalente ao de o Instituto de Meteorologia estar a ocupar-se do da poluição, por hipótese.

Um blogue tem o inconveniente de ser lido, essencialmente, pelas notas mais recentes. O artigo O Pânico Climático suscitou uma onda de curiosidade (não de calor!). Alguns leitores trocaram correspondência muito interessante.

Colocaram questões pertinentes e “medos” injustificados. A maior parte das questões já estão tratadas no fundo do baú do blogue. Não há que ter medo. Haveria que exigir aos responsáveis a implementação de medidas de adaptação à nova situação.

É normal. Ouvem na vida quotidiana e nas escolas – o que é mais grave –, as explicações mais estapafúrdias.

Colocam dúvidas aos professores. Estes, incapazes de dar resposta, afirmam que há mais quem acredite no “aquecimento global” e nas “alterações climáticas” do que os que duvidam. É uma questão de fé!

Voltando aos números, seria interessante indagar os motivos das seguintes conclusões.

1 - Segundo a NASA, há praticamente 10 anos, de 1996-2006, que a temperatura média global não se altera (14,4 ºC – 14,8 ºC). Os desvios em relação à media são insignificantes e da ordem de grandeza da precisão do método de cálculo.

Quem sabe responder: - Para aonde teriam ido os gases com efeito de estufa antropogénicos neste últimos dez anos? Enterrados não foram porque ainda não está em prática esta peregrina ideia.

2 – De acordo com a NASA, o ano 2006 tem sido menos “quente” do que o ano de 2005:
Dezembro-Janeiro-Fevereiro = 14,7 ºC (2006) contra 14,8 ºC (2005);
Março-Abril-Maio = 14,6 ºC (2006) contra 14,8 ºC (2005).

Sente-se isso? Se fosse o contrário que chinfrineira não teríamos de ouvir? Mas, insiste-se, não há que ter receio. Isso é dar mais oportunidades a manipulações…A Natureza é que dita as suas leis.

Há necessidade de adaptação ao clima. É o que fazem os esquimós, inteligentemente. E não pensam em modificar o clima. Voltaremos a falar da história do clima, dentro do possível, satisfazendo o pedido de leitores.

Nota: Base de dados da NASA: http://data.giss.nasa.gov/gistemp/tabledata/GLB.Ts.txt

sábado, agosto 05, 2006

Aglutinações de AMP

Como se disse, o calor, a seca e a poluição são consequências das altas pressões. Recorde-se que a pseudo teoria do efeito de estufa antropogénico conduziria a uma situação inversa.

Então, a poluição seria a causa da elevação da temperatura. Esta conduziria a uma baixa de pressões pela elevação do ar aquecido pelo (refutável) efeito de estufa antropogénico.

O ar, realmente aquecido pelas pressões elevadas, não sobe pelo efeito da subsidência anticiclónica. Estas altas pressões é que são a causa da situação de calor. Por muito que custe aos defensores do efeito de estufa antropogénico, a realidade não pode ser distorcida.

Não se pode invocar também – como fazem ingenuamente outros – o transporte imaginário de ar quente vindo de algures como o deserto do Sara. Alguns pensam assim, mas não conseguem explicar como é que esse ar quente atinge o solo sem fazer baixar a pressão atmosférica.

Consequentemente, se observarmos os fenómenos reais e não imaginários pode-se concluir:

- A causa desta onda de calor é a formação das aglutinações anticiclónicas;
- Não é o efeito de estufa antropogénico;
- Não é o resultado do transporte de ar quente vindo do Sul, nem em altitude nem em superfície;
- Pelo contrário, a onda de calor é causada pelo rápido aquecimento do ar anticiclónico que veio do Norte (e não do Sul) nas baixas camadas;
- Este ar quente concentra-se junto ao solo e torna-se seco;
- O ar veio do Árctico – Pólo Norte e Gronelândia – transportado pelos anticiclones móveis polares (descobertos por Marcel Leroux) que se podem ver nas imagens dos satélites.

Não há nada de excepcional nesta situação visto que ela ocorre regularmente durante esta estação do ano, tanto no Atlântico oriental como no Mediterrâneo ocidental, nas baixas e médias latitudes (30º a 40º).

A aglutinação anticiclónica do Atlântico oriental é o resultado da actividade da região polar boreal. Acontece o mesmo noutras aglutinações sobre a Europa. A Fig. 55 do satélite NOAA, do dia 3 de Agosto de 2006, elucida perfeitamente este fenómeno.

Não há nada de excepcional nesta situação. A peculiaridade desta onda de calor é apenas a da extensão anticiclónica no espaço e no tempo. Nada de explicações exotéricas como a do efeito de estufa antropogénico.

Sejamos sérios e olhemos para o espaço, através dos satélites. Basta de especulações! A canícula terminará de vez quando a região boreal enviar um (ou mais) AMP de tal modo potente(s) que rompa(m) a(s) aglutinação(ões).

Estudem-se os fenómenos e arrecadem-se os modelos. Estes nada explicam e só servem para confundir a opinião pública. Claro que ajudam a vender muito papel e a encher muitos noticiários das rádios e das televisões. Mas só isso…
Fig. 55 - Mais AMP sobre o Atlântico e a Europa.
Fonte: NOAA. Marcel Leroux.Posted by Picasa

sexta-feira, agosto 04, 2006

Arrefecimento dos pólos

Leitores, que apreenderam a explicação da super-actividade dos anticiclones móveis polares devida ao arrefecimento dos pólos, referida no artigo O Pânico Climático publicado no Água em revista, indagam a razão do arrefecimento das calotes polares.

O aumento da frequência e da intensidade dos AMP (nomeadamente nos Invernos) deve-se de facto ao arrefecimento dos pólos, especialmente do Norte. É a melhor prova contraditória dos que dizem que eles aqueceram (só nos resultados dos modelos...).

Uma das características da génese dos AMP é exactamente a temperatura dos pólos e do ar que os sobrevoa. A sua actividade é um proxy da temperatura dos pólos. Se esta se elevar, os AMP abrandam e os Invernos são menos rudes. E os Verões são mais amenos.

Quanto à origem desse arrefecimento, eis uma boa questão. Não se sabe dizer exactamente qual é. Admite-se que foram aerossóis que alteraram o albedo. Donde vieram? Nuvens de poeiras dos desertos e da desertificação?

O Sara e a China têm sido férteis em nuvens de poeiras. A actividade dos vulcões também produz nuvens que levadas para os pólos aumentam o seu arrefecimento. Mas não tem havido uma actividade vulcânica importante.

Também se admite que sejam aerossóis antropogénicos (que arrefecem e não aquecem!) de origem industrial e dos motores diesel (partículas). Enfim, está aberto um vasto campo de investigação.

Talvez um décimo do que se gasta inutilmente com os modelos era capaz de dar para esta investigação a nível internacional. Interessar cientistas para este campo aberto na investigação climática é uma tarefa importante.

Em Portugal existem especialistas de aerossóis de nível internacional. Mas não é fácil desviá-los para esta investigação. Alguns ainda estão agarrados ao «global warming» e aos seus modelos.

A Fig. 54 mostra a Europa sobrevoada por vários AMP, com excepção da Península Ibérica. Formam uma vasta aglutinação com elevada pressão atmosférica. O Pólo Norte nem descansa no Verão.

A Península Ibérica está protegida graças aos edifícios geográficos dos Montes Cantábricos e dos Pirenéus. É uma constatação visível na imagem do satélite meteorológico.

Nalguns casos, as aglutinações anticiclónicas provocam ondas de calor, noutros abaixamentos da temperatura. Consoante a não permissão (mais corrente) ou a permissão da introdução de massas de ar atlânticas ou mediterrânicas dentro das aglutinações.

Pode-se atingir o grau de pluviogénese devido à confrontação de massas de ar frio e massas de ar quente (menos frio). A pluviogénese exige a reunião simultânea de três condições draconianas:

1 – A existência de um potencial precipitável;
2 – O desencadear de um movimento vertical ascendente;
3 – A presença de uma estrutura aerológica que não impeça as ascendências.
Fig. 54 - AMP sobre a Europa - 3 de Agosto de 2006.
Fonte: Eduardo Ferreyra. AccuWeather.Posted by Picasa

quinta-feira, agosto 03, 2006

Chubut

As Forças Armadas Argentinas estão a resgatar a população da região de Chubut. As temperaturas mantêm-se nos -17 ºC.

Helicópteros das FAA socorrem pessoas doentes sem condições de suportar temperaturas tão agrestes. Não há abastecimento nem de electricidade nem de gás. Os tubos da rede de gás congelaram. Os alimentos escasseiam.

Os motores dos automóveis não conseguem arrancar. As estradas chegaram a ter um metro de altura de neve. Com a solidificação desta, formou-se uma camada de gelo de 30 cm. Os veículos militares não percorrem as vias normais.

A região está transformada numa zona de calamidade. Há quem a compare à situação de 1943 na frente oriental da II Guerra Mundial. Aguarda-se que a temperatura suba acima de zero, como máxima, dentro de pouco tempo.

Esta região, banhada pelo Rio Chubut, situa-se no centro-sul da Argentina, a norte da Patagónia. A Fig. 37 mostra um anticiclone móvel polar (o inferior) a passar sobre o Rio Chubut.

As informações sobre Chubut têm sido fornecidas pelo climatologista argentino Eduardo Ferreyra. Obteve-as, nomeadamente, através da rádio argentina. As agências internacionais de notícias ainda não se interessaram por esta situação dramática.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Neve em Joanesburgo

Hoje, dia 2 de Agosto de 2006, a temperatura atingiu – 1 ºC em Joanesburgo, no interior da África do Sul. Caiu neve. A última vez acontecera em Setembro de 1981. Já lá vai um quarto de século.

Em Sydney, na Austrália, o mês de Junho de 2006 foi o mais frio desde há 24 anos. Na Nova Zelândia no mesmo mês fez um frio de rachar. Bateram-se recordes de décadas.

Na Argentina, na província de Chubut, na Patagónia, os termómetros desceram hoje aos – 32 ºC com a previsão de continuar a descida até aos – 47 ºC. Esta descida é extraordinária numa altitude tão baixa como 300 metros

Não quer isto dizer que se esteja a entrar numa época de «global cooling». Tanto mais que o hemisfério Sul está na estação invernal. Prova simplesmente que o frio aparece num lado a par do calor noutro e vice-versa.

Aliás, é o frio (neste caso, do Inverno do hemisfério Sul) que antecede o calor. No próximo Verão aquelas localidades e países vão sofrer vagas de calor pelo aumento das pressões atmosféricas.

Quanto à vaga de calor que assola a Europa, os jornais (não os nacionais) já começam a referir as elevadas pressões atmosféricas como numa notícia do The Sunday Times, de 30 de Julho de 2006, sobre os acontecimentos do mês passado.

«The most comfortable places, at least in terms of temperature, were western Russia, North Korea, Siberia and Japan, which were 3 ºC cooler than usual. “The high pressure zone that is carrying warm air to Europe from the south is also bringing cool air down from the Arctic over Russia,” said John Kennedy, who monitors global climate at the Met Office (Instituto de Meteorologia do Reino Unido).»

Ou seja, enquanto na Rússia ocidental, na Coreia do Norte, na Sibéria e no Japão se fazia sentir o frio (cerca de 3 ºC abaixo da média), a Europa ardia com o calor. A explicação está na situação anticiclónica.

Para quem gosta de mais detalhes sobre situações deste género, aconselha-se a leitura de um artigo explicativo da canícula de 2003 do ponto de vista estatístico.

O Resumo do artigo “The summer northern annular mode and abnormal summer weather in 2003” está disponível no sítio da American Geophysical Union, na apresentação da revista Geophysical Research Letters, Vol. 32, 2005.